Neste capítulo você confere a primeira edição do Manual de Procedimentos para Tatuadores e Pierceres, escrito pela tatuadora Mallu Santos (SA Tattoo - Santos) em 2004. Uma excelente referência para tatuadores iniciantes e profissionais. Agradecemos e parabenizamos a Mallu Santos pela iniciativa.
Introdução
Esta norma técnica é parte de um conjunto de ações desenvolvidas no ano de 2004, com a proposta de elaborar um documento básico de racionalização da escolha e do uso dos produtos e métodos para processamento de artigos e superfícies em clínicas de tatuagem e piercing.
Este trabalho é baseado nas normas de procedimentos em estabelecimentos de saúde, que foram elaboradas com a participação de técnicos da área de assistência e gerenciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e de profissionais da indústria. O conteúdo descreve métodos físicos e químicos do processamento de artigos e superfícies e de algumas substâncias em clínicas de tatuagem e piercing, além de mostrar um resumo rápido do procedimento de tatuagem e piercing em si.
Assim, tem-se como objetivo proporcionar aos profissionais a possibilidade de esclarecer dúvidas , bem como colocar em prática as especificações apresentadas, optando pelo que melhor se adapte às condições de cada clínica.
Durante anos as profissões de tatuador e de bodypiercer vêm ficando á margem e até mesmo numa certa clandestinidade, por não terem uma regulamentação e fiscalização adequada. Com o crescimento do setor temos a necessidade de formalizar os procedimentos, até porque o número de pessoas que se colocam dia a dia neste mercado é muito grande, e há um grande risco de que com um atendimento sem um conhecimento dos procedimentos que devem ser tomados, sejam causados problemas que nos afetariam como um todo.
O manual foi formulado adequando normas de biossegurança usadas na área de saúde ao nosso segmento de trabalho, analisando nossas necessidades específicas, sem no entanto complicar a vida do profissional.
Mallu Santos
1 – Higiene do estúdio
Superfícies
As superfícies fixas ( pisos, paredes, tetos, portas, mobiliários, equipamentos e demais instalações) não representam risco significativo de transmissão de infecção para clinicas de tatuagem ou piercing.
Sabe-se que as infecções devem-se, primordialmente, aos fatores inerentes ao próprio paciente( idade, condições clínicas e nutricionais, etc.) e, majoritariamente, e ao procedimento a que o paciente é submetido, ou seja, quanto mais extenso for o trabalho, mais vulnerável ficará seu organismo.
É desnecessária a desinfecção de paredes, corredores, pisos, tetos, janelas, portas, a menos que haja respingo ou deposição de matéria orgânica, quando é recomendada a desinfecção localizada. Existem locais e mobiliários que podem constituir risco de contaminação para pacientes e pessoais, pela presença de descarga de excreta, secreção ou exsudação de material orgânico. Estes locais necessitam de descontaminação antes ou concomitante à limpeza.
As superfícies que estiverem com presença de matéria orgânica em áreas críticas, semi-críticas e não-críticas deverão sofrer processo de desinfecção ou descontaminação localizada e, posteriormente, deve-se realizar a limpeza com água e sabão em toda a superfície, com ou sem auxílio de máquinas. Nestes procedimentos usar os EPI necessários.
A DESINFECÇÃO será feita da seguinte forma:
- com uso de luvas, retirar o excesso da carga contaminante em papel absorvente;
- desprezar o papel saco plástico de lixo ;
- aplicar, sobre a área atingida, desinfetante adequado e deixar o tempo necessário;
- remover o desinfetante com pano molhado e
- proceder à limpeza com água e sabão no restante da superfície.
A DESCONTAMINAÇÃO deve ser feita da seguinte forma:
- aplicar o produto sobre a matéria orgânica e esperar o tempo de ação deste;
- remover o conteúdo descontaminado com auxilio de papel absorvente (usando luvas);
- desprezar no lixo e
- proceder à limpeza usual, com água e sabão, no restante da superfície.
As áreas que permanecem úmidas ou molhadas têm mais condições de albergar e reproduzir germes gram-negativos e fungos; as áreas empoeiradas podem albergar germes gram-positivos, micobactérias e outros. Daí, a necessidade de secar muito bem as superfícies e artigos, e de ser proibida a VARREDURA SECA em áreas de procedimentos invasivos.
Os mops, esfregões, panos de limpeza e de chão, escovas e baldes deverão ser lavados nas salas de utilidades e/ou na lavanderia, diariamente ou após o uso em locais contaminados.
Os produtos indicados para desinfecção e descontaminação de superfícies estão referidos mais á frente.
Os passos seqüenciais do processamento de superfícies estão apresentados, resumidamente.
Seleção de desinfetantes
Devem ser levados em consideração os seguintes itens na seleção de desinfetantes/esterilizantes hospitalares e detergentes:
a) Quanto às superfícies, equipamentos e ambiente:
- Natureza da superfície a ser limpa ou desinfetada, e se a mesma pode sofrer corrosão ou ataque químico;
- Tipo e grau de sujidade e sua forma de eliminação;
- Tipo de contaminação e sua forma de eliminação (microorganismo envolvido com ou sem matéria orgânica presente);
- Qualidade de água e sua influencia na limpeza e desinfecção;
- Método de limpeza e desinfecção, tipo de maquinas e acessórios existentes.
Caso o germicida entre em contato direto com funcionários, considerar irritação dérmica e toxicidade;
- Segurança na manipulação e uso.
b) Quanto ao tipo de germicida:
- Tipo de agente químico e concentração;
- Tempo de contato para ação;
- Toxicidade;
- Inativação ou não em presença de matéria orgânica;
- Prazo de validade para uso e estabilidade;
- Condições para uso seguro;
- Necessidade de retirar resíduos após utilização
Álcoois
Tipos:
O álcool etílico tem maior atividade germicida, menor custo e toxicidade que o isopropílico. O álcool isopropílico tem ação seletiva para vírus, é mais tóxico e com menor poder germicida que o etílico.
Indicações de uso:
- Desinfecção de nível intermediário ou médio de artigos e superfícies: com tempo de exposição de 10 minutos ( 3 aplicações)*, a concentração de 77% volume-volume, que corresponde a 70% em peso;
- Descontaminação de superfícies e artigos: mesmo tempo de exposição e concentração da desinfecção.
Os artigos e superfícies que podem ser submetidos são:
- Borrifadores
- Máquinas de tatuar
- Superfícies das bancadas
- Superfícies das macas
- Superfícies externas de equipamentos metálicos;
*As aplicações devem ser feitas da seguinte forma: friccionar álcool 70%, esperar secar e repetir três vezes a aplicação.
Recomendações de uso:
- Se adquirido pronto para uso, deve assegurar-se da qualidade do produto;
- imergir ou friccionar o produto na superfície do artigo, deixar secar sozinho e repetir 3 vezes o procedimento, até completar o tempo de ação;
- pode ser usado na desinfecção concorrente ( entre atendimentos);
- é contra-indicado o uso em acrílico, enrijece borrachas e tubos plásticos.
Compostos Inorgânicos Liberadores de Cloro Ativo:
• Hipoclorito de Sódio/Cálcio/Lítio
Indicações de uso:
- desinfecção de nível médio de artigos e superfícies;
- descontaminação de superfícies.
Tempo de exposição para:
- descontaminação de superfícies = 10 minutos, em 1% de cloro ativo ( 10:000
ppm).
Recomendações de uso:
- O uso deste produto é limitado pela presença de matéria orgânica, capacidade corrosiva e descolorante;
- os artigos submetidos até a concentração de 0,02% não necessitam de enxágüe;
- as soluções devem ser estocadas em lugares fechados, frescos, escuros (frascos opacos);
- não utilizar em metais e mármore, pela ação corrosiva.
• Quaternário de amônia
Indicações de uso:
- desinfecção de baixo nível: tempo de exposição de 30 minutos, na concentração indicada pelo fabricante;
- está indicado para superfícies e equipamentos em áreas de alimentação;
Recomendações de uso:
- ao ser aplicado, precisa de fricção sobre a superfície, conforme indicação do fabricante;
- ao final de qualquer processo adotado, desinfetar pia, torneiras, expurgos, recipientes e luvas de borracha utilizadas na limpeza ou descontaminação de artigos.
Parte 2 – Processamento de artigos
Artigos
Os artigos destinados à penetração através da pele e mucosas adjacentes, nos tecidos subepiteliais, bem como todos os que estejam diretamente conectados com este sistema, são chamados de ARTIGOS CRÍTICOS. Estes requerem esterilização para satisfazer os objetivos a que se propõem.
Os artigos destinados ao contato com a pele não-íntegra ou com mucosas íntegras são chamados de ARTIGOS SEMI-CRITICOS e requerem desinfecção de médio ou de alto nível, ou esterilização, para ter garantida a qualidade do múltiplo uso destes.
Os artigos classificados nesta categoria, se forem termorresistentes, poderão ser submetidos à autoclavagem, por facilidade operacional, eficácia e redução de custos, mesmo que a esterilização não seja indicada para o fim a que se destina o artigo.
Os artigos destinados ao contato com a pele íntegra do paciente são chamados
de ARTIGOS NAO-CRITICOS e requerem limpeza ou desinfecção de baixo ou médio nível, dependendo do uso a que se destinam ou do último uso realizado.
Passos Seqüenciais do Processamento de Artigos
É recomendado que todo processamento de artigos seja centralizado, por motivos de custo, eficiência de operacionalização, facilidade de manutenção do padrão de qualidade e aumento do tempo de vida útil dos mesmos.
O manuseio de artigos requer que cada procedimento seja acompanhado da indicação do Equipamento de Proteção Individual (EPI) especifico, em relação à natureza do risco ao qual o pessoal se expõe. Os riscos são em relação ao material biológico, químico e térmico.
Considerar no processamento de artigos que:
- Independentemente do processo a ser submetido, todo artigo deverá ser considerado como “contaminado”, sem levar em consideração o grau de sujidade presente;
- Seus passos seqüenciais, os quais estão apresentados no fluxograma, devem ser: a limpeza ou descontaminação, desinfecção e/ou esterilização ou estocagem, conforme o objetivo de uso do artigo;
- É necessário classificar o artigo de acordo com o risco potencial de infecção envolvido em seu uso e definir o tipo de processamento a que será submetido (desinfecção ou esterilização);
- Para que a remoção da sujidade ou matéria orgânica não se constitua em risco a pessoa que os manuseia e ao local onde esta limpeza ou descontaminação é realizada, é imprescindível o uso de EPI, como preconizado nos procedimentos de precauções universais e de segurança.
A. Limpeza
A limpeza de artigos poderá ser feita por qualquer das seguintes alternativas:
• fricção mecânica, utilizando água e sabão auxiliados por escovas ( padronizar pia ou recipiente para este fim), OU
• máquina de limpeza com jatos de água quente ou detergente, OU
• máquinas de ultra-som com detergentes / desencrostantes.
B. Descontaminação
A descontaminação de artigos poderá ser feita por qualquer uma das seguintes
alternativas:
• fricção auxiliada por escova, etc.; embebidos com produto para esta finalidade, OU
• imersão completa do artigo em solução desinfetante acompanhada ou não de fricção com escova/esponja, OU
• pressão de jatos de água com temperatura entre 60 e 90 graus centígrados, durante 15 minutos ( maquinas lavadoras sanitizadoras, esterilizadoras de alta pressão, termo desinfetadoras e similares), OU
• imersão do artigo na água em ebulição por 30 minutos, OU
• autoclavagem previa do artigo ainda contaminado, sem o ciclo de secagem.
A escolha da alternativa deve ser baseada nas possibilidades do estabelecimento, obedecendo a natureza do artigo em processamento.
C. Enxágüe
Para o enxágüe após a limpeza e/ou descontaminação, a água deve ser potável
e corrente.
D. Secagem
A secagem dos artigos objetiva evitar a interferência da umidade nos processos
e produtos posteriores e poderá ser feita por uma das seguintes alternativas:
• papel absorvente, OU • estufa ( regulada para este fim )
Conforme o destino do artigo, armazená-lo ou submete-lo à desinfecção ou esterilização.
É necessária a validação dos produtos.
E. Processamento
E.1. Se Esterilização
E.1.1. Por Meio Físico:
• acondicionar os artigos em invólucros de grau cirúrgico e outros para este fim, adequados ao tipo de processamento escolhido;
• submeter os artigos à máquina esterilizadora. Observar e registrar temperatura e/ou pressão e monitorar o tempo de exposição, conforme as orientações do fabricante;
• validar e monitorizar o processo conforme indicado em cada alternativa.
A esterilização por meio físico pode ser realizada pelos seguintes processos, em
clínicas de tatuagem e/ou piercing:
Autoclaves
As autoclaves são equipamentos que se utilizam de vapor saturado para realizarem o processo de esterilização.
O vapor saturado, ou seja, de temperatura equivalente ao ponto de ebulição da água, na pressão considerada, é o meio de esterilização mais econômico para materiais termorresistentes.
O vapor úmido deve ser evitado, pois tem menos calor que o vapor saturado e produz gotículas de água em suspensão, o que pode causar problemas, tanto na esterilização como na secagem final do material.
Os tempos, temperaturas e pressão das autoclaves deverão ser aquelas recomendadas pelo fabricante, pois tais autoclaves poderão ter ciclos para esterilização a vapor dos seguintes tipos:
1- Esterilização por gravidade- consiste em introduzir o vapor na câmara interna do aparelho e eliminar o ar interno por expulsão, ou seja, forçar a saída do ar na medida em que o vapor for injetado. Neste processo, o aquecimento da carga é feito de fora para dentro, acumulando o tempo de aquecimento. Também no processo de gravidade, o sistema de secagem é feito por venturi, conseguindo-se um vácuo de capacidade media, sendo que, ao alongar o tempo de exposição, previamente determinado, ter-se-á materiais secos e estéreis;
2- Esterilização por alto vácuo - introduz o vapor na câmara interna do aparelho;
3- Esterilização por alto vácuo com ciclo pulsátil- o processo de esterilização com alto vácuo e entrada de vapor facilita a subida da temperatura para iniciar a esterilização e gera maior segurança no processo, porque todo o ar do material e da câmara é retirado pela alta capacidade de sucção da bomba de vácuo.
Após a contagem do tempo de exposição, a bomba de vácuo entra novamente em funcionamento, fazendo a sucção do vapor e da umidade interna do pacote, conseguindo, assim, a redução do tempo de exposição, esterilização e secagem pelo aquecimento rápido da carga.
Indicações de uso:
- Para esterilização de todos os artigos críticos termorresistentes, este método é mais seguro e eficaz;
- Alguns artigos semi-criticos, termorresistentes, por facilidade operacional e de tempo, podem ser submetidos à autoclavagem.
Artigos e substâncias que podem ser submetidos são:
• Todas as autoclaves têm condições de fazer esterilização de líquidos, sendo necessário interromper o processo no tempo de secagem. Nas autoclaves com vácuo pulsátil e automáticas, deve-se efetuar a esterilização de líquidos, utilizando o programa próprio para isto, já existente nestas máquinas.
• Bicos
• Agulhas novas previamente soldadas
• Gabaritos de solda
• Tesouras
• Alicates
• Pinças
• Alargadores em aço
• Piercings em aço
• Cubas e recipientes em aço
Recomendações de uso:
- conforme indicação do fabricante;
- manutenção preventiva, no mínimo, semanal;
- conhecer e praticar a distribuição dos pacotes em relação à posição dos mesmos e ao tipo de material submetido ao processo.
Invólucros para esterilização:
- embalagem de papel grau cirúrgico;
- embalagem de papel Kraft com pH 5-8;
- filme poliamida entre 50 e 100 micras de espessuras.
Monitorização:
- identificação visual dos pacotes com fita termossensível, para assegurar que o pacote passou pelo calor;
Validação:
E.1.2. Por Meio Químico:
E.1.2.1. Líquido
• Imergir o artigo na solução adequada:
- utilizar EPI e garantir farta ventilação do local;
- observar e respeitar o tempo de exposição indicado, mantendo o recipiente tampado;
• Enxaguar artigos submetidos, inclusive o interior das tubulações com água esterilizada ou soro fisiológico estéril e técnica asséptica. Recomendam-se múltiplos enxágües para eliminar os resíduos do produto utilizado. Usar todo conteúdo do recipiente de água estéril, de uma só vez. Evitar recipientes para múltiplo uso;
• Secar externamente os artigos, com técnica asséptica e compressa estéril;
• Acondicionar o artigo processado em recipiente ou invólucro adequado estéril e destinar ao uso imediato.
Os produtos destinados a este processo são os que seguem:
Glutaraldeído
Indicações de uso:
- Esterilização: tempo de exposição nas concentrações de 2%, conforme orientação do fabricante.
- Esterilização a frio de artigos críticos, termossensíveis como:
• piercings de acrílico;
• piercings de poliestireno, nylon.
• batoques;
Recomendações de uso:
Quanto aos artigos:
- obter informações junto ao fabricante do artigo, para saber se o mesmo pode
ser processado em Glutaraldeído;
- materiais demasiadamente porosos como os de látex podem reter
Glutaraldeído, caso não haja bom enxágüe;
- não misturar artigos de metais diferentes, pois pode haver corrosão eletrolítica, se houver contato entre eles.
Quanto ao processo:
- os Glutaraldeído alcalinos ou neutros são menos corrosivos que os ácidos;
- ativar o produto e/ou verificar se está dentro do prazo de validade para utilização;
- usar a solução em recipiente de vidro ou plástico, preferentemente;
- quando utilizar caixa metálica, proteger o fundo da mesma com compressa, evitando o contato com os artigos a serem processados;
- manter os recipientes tampados.
Quanto à validade da solução ativada em uso:
- não deixar a solução em temperaturas superiores a 25º C;
- observar a validade da solução de repetidos usos, por meio de fitas-teste, “kit” líquidos ou similares. Utilizar teste específico para cada formulação. Os melhores testes são aqueles que dão como resultado uma concentração de até 1% de glutaraldeído;
- na impossibilidade de fazer testes, observar o aspecto da solução quanto à presença de depósitos e quanto à alteração da coloração e pH. Nesta situação, descartar a solução, mesmo dentro do prazo de validade estipulado pelos fabricantes.
Formaldeido
Indicações de uso:
- A esterilização ocorre conforme o tempo de exposição orientado pelo fabricante.
- Usualmente, o tempo mínimo é de 18 horas, tanto para a solução alcoólica a 8%, quanto para a solução aquosa a 10%.
Artigos a serem submetidos:
• piercings de acrílico;
• piercings de poliestireno, nylon.
• batoques;
Recomendações de uso:
Quanto aos artigos:
- quanto maior o tempo de esterilização, maiores problemas podem surgir.
Quanto ao processo:
- usar solução em recipiente de vidro ou plástico, preferentemente;
- proteger o fundo com compressa, quando utilizar caixa metálica, evitando o contato com os artigos a serem processados;
- manter os recipientes tampados;
Quanto à validade da solução em uso:
- não existe monitoramento biológico ou químico disponível no mercado;
- não deixar a solução em temperaturas superiores a 25° C;
- descartar a solução ao final do dia ou antes, se a mesma sofrer alteração em seu aspecto ou existir presença de depósitos.
Quanto à toxicidade:
- embora considerado desinfetante/esterilizante, seu uso em estabelecimentos de saúde é limitado pelos vapores irritantes, odor desagradável e comprovado potencial carcinogênico. Não consta das recomendações do Center for Disease Control(CDC)-EUA e o limite de exposição permitido é 1ppm, durante 30 minutos.
F. Estocagem
Após submeter os artigos ao processamento mais adequado, estocá-los em área separada, limpa, livre de poeiras, em armários fechados, preferencialmente. As áreas de estocagem próximas às pias, água ou tubos de drenagem são proibidas.
Os artigos esterilizados por meio físico podem ser estocados até uma semana em prateleira aberta ou até um mês, se colocado sob uma cobertura de plástico ou bolsa selada.
3 - Passo a passo do procedimento de tatuagem
1. Preparação da bancada com todo o material necessário
2. Colocação do EPI
3. Limpeza da pele com álcool iodado ou álcool comum
4. Raspagem dos pelos com lâmina descartável
5. Aplicação do produto que conduz o decalque com abaixador de língua descartável
6. Aplicação do decalque
7. Aplicação do traçado
8. Aplicação do sombreado
9. Aplicação das cores escuras
10. Aplicação das cores claras
11. Limpeza da tatuagem com sabão anti-séptico
12. Aplicação de bandagem
13. Recomendação de cuidados
Considerações específicas para tatuagem
• O EPI a ser utilizado é composto de luvas de procedimento em látex, óculos protetores e máscara.
• É conveniente o uso de avental para proteger a roupa de resíduos de tinta contaminada.
• O papel toalha usado na limpeza dos resíduos da tatuagem deve ser previamente destacado do rolo para evitar a contaminação cruzada.
• Máquinas de tatuagem e borrifadores devem ser protegidas com sacos plásticos descartáveis.
• As superfícies tocadas pelo profissional durante o procedimento, como luminárias, bancada, suportes da cadeira, etc, devem ser protegidos com plástico filme, devendo este ser trocado a cada procedimento.
• Nunca se deve tocar nas gavetas, atender telefone ou manusear quaisquer objetos que não os de uso único e exclusivo naquele cliente quando calçado das luvas, a fim de evitar a contaminação cruzada.
• O produto escolhido para a transferência do decalque deve ser aplicado no cliente com o auxílio de abaixador de língua descartável, e não diretamente esfregando-se o bastão sobre o cliente.
• As tintas deverão ser colocadas fracionadas em batoques previamente esterilizados e estes deverão ser descartados ao fim da tatuagem.
• Agulhas e biqueiras devem ser retiradas da embalagem lacrada somente na frente do cliente, ao início da tatuagem.
4 - Passo a passo do procedimento de Piercing
1. Preparação da bancada com todo o material necessário
2. Colocação do EPI
3. Limpeza da pele com álcool iodado ou álcool comum, ou no caso de piercings bucais fazer assepsia com Listerine ou Malvatricin.
4. Higiene da área com Iodopovidona ou Clorexidine
5. Aplicação anestésico tópico
6. Marcação do local a ser perfurado
7. Pinçagem, caso necessária
8. Perfuração
9. Colocação da jóia
10. Assepsia
11. Recomendação de cuidados
Considerações específicas para Piercing
• O EPI a ser utilizado é composto de luvas de procedimento em látex, óculos protetores e máscara.
• É conveniente o uso de avental para proteger a roupa de resíduos de sangue.
• Todo o material deve ser separado previamente antes de serem calçadas as luvas.
• As superfícies tocadas pelo profissional durante o procedimento, como luminárias, bancada, suportes da cadeira, etc, devem ser protegidos com plástico filme, devendo este ser trocado a cada procedimento.
• Nunca se deve tocar nas gavetas, atender telefone ou manusear quaisquer objetos que não os de uso único e exclusivo naquele cliente quando calçado das luvas, a fim de evitar a contaminação cruzada
• Todo o material deve ser retirado da embalagem lacrada na frente do cliente (pinça, tesouras, agulhas)
Glossário
ARTIGOS - Compreendem instrumentos de naturezas diversas: utensílios (bicos, hastes, tesouras, etc), acessórios de equipamentos e outros.
ARTIGO DESCARTÁVEL - É o produto que, após o uso, perde suas características originais e não deve ser reutilizado e nem reprocessado.
ARTIGO MÉDICO-HOSPITALAR DE USO ÚNICO - É o produto que, após o uso, perde suas características originais ou que, em função de outros riscos reais ou potenciais à saúde do usuário, não deva ser reutilizado.
DESCONTAMINAÇÃO - É o processo de eliminação total ou parcial da carga microbiana de artigos e superfícies, tornando-os aptos para o manuseio seguro. Este processo pode ser aplicado através da limpeza, desinfecção e esterilização. Artigos descontaminados devem seguir o processamento adequado.
DESINFECÇÃO - É o processo físico ou químico que destrói todos os microrganismos, exceto os esporulados.
DESINFECÇÃO ALTO NÍVEL - Quando os desinfetantes são eficazes contra todas as formas vegetativas, destroem uma parte dos esporos quando utilizados entre 10 e 30 minutos.
DESIFECÇÃO MÉDIO NÍVEL OU NÍVEL INTERMEDIÁRIO - Quando os desinfetantes não destroem esporos, têm ação sobre o bacilo da tuberculose, ampla ação sobre vírus e fungos, mas não destroem, obrigatoriamente, todos eles.
DESINFECÇÃO BAIXO NÍVEL - Quando os desinfetantes têm atividade contra bactérias vegetativas, mas não destroem, esporos.
EPI - Equipamento de Proteção Individual que se compõe de óculos, máscaras, botas, luvas e avental impermeável ou não e protetor para ruídos.
ESTERILIZAÇÃO - É o processo físico ou químico que destrói todos tipos de microrganismos, inclusive os esporulados. Portaria IN nº4 - D.O.U. de 31/07/91.
LIMPEZA OU HIGIENE - É o asseio ou retirada da sujidade de qualquer superfície.
MÁQUINAS - São tratadas nesta Norma Técnica, como os equipamentos, autoclaves, estufas, de uso em estabelecimento de saúde.
MONITORAÇÃO - Controlar a rotina operacional através dos indicadores de eficiência no processo, certificando-se de que as especificações validadas para o processo estão sendo mantidas dentro do padrão estabelecido.
VALIDAÇÃO - É a documentação correspondente de evidências que dão uma razoável garantia, segundo o nível atual da ciência, de que o processo em consideração realiza ou pode realizar aquilo para o qual foi proposto (FDA).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Este manual foi baseado no Manual de Processamento de Artigos e Superfícies em Estabelecimentos de Saúde, 2ª edição - 1994
01 - BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária Portaria nº15, Diário Oficial da União, Brasília, 23 de agosto de 1988
02 - RHAME, F. S. The inanimate enviroment. In: BENNETT J V BRACHMAN. B.Q. Hospital Infections. 2a ed Boston Little & Brown, 1986.
03 - COSTA, E.A.M. Processamento de artigos hospitalares - consenso controvérsias. Monografia de Conclusão da Residência de CIH- IFF/FIOCRUZ, 1991.
04- CASTLE, M. & AJEMIAN, E. Hospital infection control. Califórnia, John Wiley & Sons, 1987.
05 - NELSON,J D. The Neonate. In: DONOWITZ, L. G Hospital acquired infection in the
pediatric patient. Baltimore, Williams & Wilkins, 1988.
06 - BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Lavar as mãos. Informações para profissionais de saúde. Normas Técnicas. Brasília Centro de Documentação,1989.
07 - PEREIRA, M. S. Infecção hospitalar. Estrutura básica de vigilância e controle. Tese Doutorado. E E Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo, 1990.
08 - BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria no 930, Diário Oficial da União,
09 - FAVERO, M. S. Sterilization procedures accomplished by liquid chemical germicides, chemical germicides in the health care field-current and evaluation of efficacy and research needs - American Society for Microbiology, 1987.
10- GUVERICH I. et al. The disinfectant dilemma revisited. Infect Control Hosp. Epidemiol. 1990,11 (2):96-100.
11 - MOURA, M. L. P.A. Estudo sobre a eficácia do ,método de esterilização pelo calor seco, usando forno de Pasteur-Estutá. "Tese de Livre Docência, UNIRIO-1990.
12 - FAVERO, M. S. & BOND, W. W. Chemical disinfection ,of medical and surgical materials. In: BLOCK, S.S. (Ed). Disinfection Sterilization, 4 ed., Philadelphia, Lea & Fabiger,1991.
13 - , M. S. Sterilization, Disinfection and Antisepsis in the Hospital. In. FAVERO M.S. Manual of Clinical Microbiology. Atlanta, CDC, 1985, cap.13, pp.129-137
14 - BRASIL. Ministério da Saúde. Reunião dos peritos para normatização do uso e reutilização de materiais médico-hospitalares descartáveis no país. Reuniões e conferências,1985.
15 - BRASIL. Ministério da Saúde e Ministério do Trabalho. Portaria IM nº4. Diário Oficial da União, Brasília, 31/7/91.
16 - NOVAES, H M. (ED). Guias para controle de infecções hospitalares orientadas para
proteção da saúde do trabalhador hospitalar. OMS/OPS, Washington, outubro,1992.
17 - GRUPO DE E_STUDOS. Reunião para elaboração de manual de limpeza e desinfecção hospitalar. São Paulo, xerocópia,1988.
18 - US Department of Health and Human Service/Public Health Service. Recommended infection-control practices for dentistry. MMWR, April, 18, 1986.
19 - ABNT - NB série 9000 São Paulo; Junho, 1990.
20 - RUTALA, W A. Draft guideline for selection and use of disinfectants. Americ. J, Infect. Control,17:24A-38A,1989
21 - , W. A. APIC guideline for selection and use of disinfectants. Am J . Infect Control, 18:99-117,1990.
22 - FAVERO, M. S. Preventing transmission of hepatitis B infection in health care facilities. Am. J. Infect. Control,17:168-171,. 19I3__.
23- Disinfection, Sterilization and Descontamination Prodedures. In: HALEY & BELFUS(ed). Occupational medicine. Philadelphia Vol. 4,1989, pp. 35-39.
24 - Principles of Sterilization and Disinfection. Anestesiology Clinics of North America. Vol.7, no 4. 1989, pp. 941--949
BIBLIOGRAFIA
BEAN, H. S. Types and characteristics of disinfectants. J. Appl. Bacteriol., 30:6- 16,1967.
BLOCK, S. S. Definition of terms. In: BLOCK, S. S. (ed). Disinfection, Sterilization and Preservation. 4.ed, Philadelphia, Lea & Fabiger, 1991.
BLOOMVELD, S. F. & MILLER, E.R.A. Comparison of hypochlorite and phenolic
disinfectants for disinfection of clean and soiled surfaces and blood epillages. Journal of Hospital Infect; 13:231-239, 1989.
BRACHMAN, P. S. Epidemiology of Nosocomial Infections. In: BENNETT, J V. & BRACHMANN, P.S. Hospital Infections. 2 ed., Boston. Little & Brown,1986.
BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de Controle de Infecção Hospitalar. Brasília, Centro de Documentação,1985.
GOLDMAN, D. A. et al. Nosocomial Infections in a Neonatal Intensive Care Unit. Jour Infect Dis.1981.
GRUPO DE TRABALHO. Manual de Controle de Infecção Hospitalar para o Ministério da Saúde, São Paulo, s.d.
INAMPS. Manual de Limpeza Hospitalar. Hospital de Ipanema. Rio de Janeiro, 1988.
LEME, M. T. C. L .Flasches em Controle de Infecção. Curitiba. Re Relisul, 1990
LEON, P. S. Manual para el control de infecciones nosocomiales. México, s.d.
MALLISON, G. F. Central Services and Linens and Laundry. In: BENNETT, J.V. & BRACHMAN,P.S. Hospital Infections. 2ª ed. Boston, Little & Brown,1986.
MORTON, H. E. & LARSON, L. E. Alcohols. In: BLOCK, S.S (Ed). Disinfection,
Sterilization and preservation. 4. ed. Philadelphia, Léa & Febiger, 1991.
NELSON, E. J. A. New use for pasteurization: Dísinfection of Inhalation Therapy Equipercent. Resp. Care.16(3):97-103,1971.
PALMER, M. P. Manual de Controle de Infecciones. Madrid, Interamericana,1986.
PRADE, S. S. Método de Controle de Infecção Hospitalar Orientado por Problemas. Rio de Janeiro, Atheneu,1988.
Rols of Chemical disinfection in the preservation of nosocomical infections. In: BRACHMAN, J.V. Proceedings of the lnternational Conference on Nosocomial Infections.1970.
ROTTER, M. Use of alcohols as chemical germicides, ASM International Symposium on Chemical Germicides. Atlanta. Georgia. July, 1990.
RUTALA, W. A. & COLE, E. C. Ineffectiveness of hospital Disinfectants against bacteria: a collaborative study Infection Control ,1987. sem referência.
SECRETARIA ESTADUAL DE SAÚDE DE PERNAMBUCO. Manual de Controle de Infecção Hospitalar. CCIH,1989.
SEMBERG, H. D. et al Evaluation of three disinfectants after in-use stress Journal of Hospital lnfection.11:278-285,1988.
SIMÕES, G. Principais germicidas usados em hospitais. SES. Assessoria de Vigilância Sanitária, Belo Horizonte,1986.
SIMMONS, B. P. CDC Guidelines for the prevention and control of ,Nosocomial Infections. Guideline for hospital environment control. Americ Jour Inf C 11:97-120,1983.
SPAULDING, E. H. Chemical disinfection of medical and surgical materials. In
BLOCK, S S (Ed) Disinfection, Sterilization and Preservation. 1 ed, Philadelphia, Lea Fabiger,1968;517-531.
STIER, C. J. A. Indicações da Pasteurização de artigos hospitalares. Separata,Curitiba, UFPR-HCUFPR,1992.
SWENSON, P D Hepatitis viruses. In: BALOWS, A. (Ed) Manual of clinical microbiology. 5 ed. Washington, American Society of Microbiology,1991,959-982.
TURNER, F. J. Hydrogen Peroxide and Other Oxidant Disinfectans. In: BLOCK, S. S.
Disinfection, Sterilization and Preservation. 3ª ed, Philadelphia, Lea & Febiger.1983UFBa, Hospital Prof. Edgard Santos. Padronização de Germicidas no HPES,CCIH,
Salvador,1988.
URUGUAI. XLII Congresso Uruguayo de Cirurgia. Controle de las Infecciones Hospitalares en cirurgia. Punta Del Este,1991.
WENZEL, R. P. & MARTINI, M. A. Sterilization, disinfection and disposal infections
waste. In: MANDELL, et al. Principles and Practice of Infections Diseases. Churchill, 3ed.,1990, 218-2186.
WORLEY, M. A. et al. Infection Control Guidelines for Nursing Care. London,ICNA,1990.
ZANON, U. Esterilização. In: ZANON, U. & NEVES. J. (Ed). Infecções Hospitalares, diagnóstico, tratamento.1 ed., Rio de Janeiro, Medsi, 1987.
Obs.: Contamos sempre com a sua contribuição para que estas lições fiquem cada vez mais completas. À todas as informações cedidas, serão atribuídas os devidos créditos.
Para receber gratuitamente as lições em seu e-mail, assine nosso feed.